LIVRO O Jogo do Rei: Abertura PDF M. R. Izel

O presente estado do universo é o resultado de seu passado e a causa do seu futuro, disse o Demônio de Laplace à deusa Fortuna. Sentada em frente a um tabuleiro, em meio ao possível fim da sua jornada, a deusa encontrava-se em uma encruzilhada perigosa. Nada mais havia a ser feito a não ser aceitar aquele último desafio do seu oponente. Só lhe restava aquele tabuleiro dentre os quase infinitos que teve um dia, e este tabuleiro era nada menos que o planeta Terra, o último corpo celeste com vida no universo. Toda outra fonte de vida originada por Fortuna não existia mais por causa do Demônio de Laplace. Ele havia destruído cada um dos demais planetas, amaldiçoando-os com uma corrente inescapável que eventualmente os levava à autodestruição. Aquela então seria a última partida da deusa Fortuna e depois dela, caso perdesse, não haveria mais nada além do esquecimento. Sem enxergar um desfecho favorável, Fortuna então colocou as mãos sobre a mesa do tabuleiro, fechou os olhos e suspirou derrotada. Toda a estrutura física ao redor dos dois começou a rachar e desmoronar, no entanto, o tabuleiro fez seu próprio movimento e as peças começaram a se mexer sem a influência de nenhum dos dois jogadores. O Demônio e a deusa então voltaram suas atenções para as peças do jogo e notaram que tudo havia começado com um simples movimento de um peão representado por uma garota de 16 anos, recém transferida para uma escola entre as montanhas; uma menina que se misturava à multidão de uma forma quase que invisível, sem grandes feitos ou histórias para contar, seu nome era Beatriz.