LIVRO O Espelho di Rânmula: Segunda Parte PDF Cândido Valério Perrenth

BAIXAR LIVRO ONLINE

Resumo

A Noite estava morta. Os céus estavam escuros, os ventos haviam cessado o tom, a cidade estava às escuras, enfim, a Noite estava morta. E foi nesta noite morta, sexta-feira 9 de setembro de 1977, que Rânmula dera-se à obrigação de jogar pro alto todo o inconfundível conforto material que lha dava o Sr. Narcísio; o qual, até então, havia ganho todas as batalhas que travara contra esta ingênua e desprovida moça que, também, até então, tinha o desprovido pensar de que dependia – e como nunca! – do sujo dinheiro deste velho ranheta (Rânmula é quem o tratava assim, e não eu, pois que eu, Valério, estou apenas reproduzindo palavras já ditas…, e nada mais) para dar boa vida à sua numerosa Família.“Não gostava dele. Nuca gostei! E jamais dei-me a entender o exato explicar das circunstâncias que levaram-me a permitir que aquele diáchu dos infernos desfrutasse os prazeres do meu corpo por todo esse tempo, uma vez que eu o odiei desde a primeira vez que o vi; e o odiei nais ainda quando ele forçou-me até romper-me o hímen.” é o que discutia Rânmula com seus botões no momento agora.Às vezes lha vinha à mente a intenção de culpar Dona Lívia por lha ter dito aquela frase misteriosa; pois que pondo-se no lugar da sua Mãe, como via-se agora, nunca que teria dirigido-se à sua filha usando uma frase tão pesada como esta: Rânmula, minha filha, tu és a minha única esperança. Porém, alongando-se um pouco mais no pensar…, achava que Dona Lívia não tivera a intenção de fragilizar a sua integridade de filha, e, sim, fortalecer; pois que agora sabia, tinha certeza de que a intenção da Sra. sua Mãe era das melhores possíveis. “A verdade verdadeira é que Dona Lívia não soube bem como expressar-se à altura do entendimento da sua jovem filha.” dizia Rânmula ao íntimo de si mesma no instante agora.Decerector sua Mãe jamais desejara vê-la prostituindo-se; tinha certeza disso; pois, caso contrário não escusava-se tanto daquele tal Sr. Mocândilo, como também não dar-se-ia ao trabalho de quase sempre está informando-lhe da inescrupulosidade de certos ou incertos homens.“Mas de quem será a culpa?!?” perguntava-se Rânmula, neste instante, não obtendo uma só resposta que lha fosse satisfatória, pois, por mais que tudo estivesse às vistas, não lha permitia-se assumir a culpa pelo acontecido.***E foi assim, nos ditos daquela noite morta, que Rânmula, caçando rumos que, pelo menos, parecessem satisfatórios às suas queixas, buscando encontrar a luz que melhor acendesse-se em sua mente, rumara-se de Bacabal para Imperatriz, onde sonhava ganhar a sua tão sonhosa liberdade.Porém não lha fora assim tão fácil o realizar desta viagem. Demorou-se mais de 20 dias economizando parte da ninharia que o Sr. Narcísio passara a dar-lhe após a última briga que tiveram. Demais a mais, só conseguiu pôr o seu plano em prática no dia em que ele deixara Bacabal, com destino à São Luís: cuidar de negócios. Contudo, Rânmula ainda precisou queimar o juízo para arranjar meios de livrar-se de Dona Joana, uma senhora já de uns 50 e poucos anos, que cuidava dos afazeres domésticos, vivendo em sua companhia, apaparicando-lhe, vigiando-lhe e infernizando-lhe a vida!“Tudo o que eu fazia ou não fazia, mesmo que fosse na ausência de quem quer que fosse, aquele diáchu sabia! E eu, burra!, de nada desconfiava!”Todavia, e apesar dos pesares, se Rânmula gostava ou não disso ou daquilo, não tinha mesmo à quem fazer reclamações das suas reais insatisfações; pois que ora vivendo distante da sua adorávea Mãe, achando-se na incômoda situação de haver – por um lapson do destino, quem sabe!? – tornado-se na mais nova amante de um homem com idade bastante para até mesmo seu bisavô, ainda ocultara-se de tudo e de todas as pessoas com quem poderia dividir as suas queixas, seus queixumes e até mesmo alguma momentânea alegria; pois medrava que o mundo à sua volta desabasse sobre a sua cabeça, se acaso alguém viesse tomar conheceres das suas reais intimidades.