LIVRO Informação e Deformação: A Pessoa com Deficiência na Mídia Impressa PDF Ana Maria (Lia) Crespo

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Resumo

O discurso jornalístico pretende ser o relato veraz dos acontecimentos. E, para isso, adota estratégias que garantem que ele seja acreditado pelo seu leitor. Cada vez mais, os jornais estão preocupados em explicitar em seus manuais as técnicas de redação desejadas para obter aquela que é considerada a qualidade imprescindível aos meios de comunicação: a credibilidade. E a idéia de credibilidade, nesse caso, aparece em uma relação indissolúvel com a de imparcialidade, objetividade, neutralidade e impessoalidade. Uma leitura menos atenta pode, às vezes, corroborar a ilusão dos jornalistas de que exercem um domínio completo sobre aquilo que escrevem. Mas, se nos permitirmos “ler nas entrelinhas”, poderemos verificar que — apesar das recomendações dos manuais de redação e do cuidado tomado pelos jornalistas na escolha das palavras — imagens preconceituosas das pessoas deficientes continuam a ocorrer nas matérias jornalísticas.Acreditamos que isso ocorra, independentemente da vontade e da consciência do jornalista, porque há mais coisas entre a coleta de dados e a escolha de palavras do que suspeitam os profissionais da mídia. Para compreendermos de que modo o preconceito se esgueira, mesmo naquela matéria redigida com muito critério, precisamos tomar em análise a relação do sujeito e do discurso. E essa compreensão passa pelo entendimento de que sujeito é esse que enuncia seu discurso nas notícias de jornal.A partir da linha francesa de Análise de Discurso, percebemos que a linguagem não é meramente um instrumento para veicular informações.Os significados possíveis construídos na relação entre as palavras permitem iluminar aquilo que, de outra forma, permaneceria oculto, pois, aquilo que se diz desvenda e encobre, simultaneamente. É no campo do discurso, daquilo que é falado e do que é calado, que se encontram as representações que cada sujeito faz de sua ação no mundo e do mundo em si mesmo. Há um desconhecimento constante, um sentimento que escapa ao sujeito. Como decorrência disto, o discurso é sempre o receptáculo de fragmentos, oposições, ambigüidades e conflitos.