LIVRO Ele Sempre Acorda Antes PDF Paulo Puterman
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Resumo
Ele sempre acorda antes. Naquele dia, no entanto, quando Eric acorda, Julie já examina, com a cabeça apoiada no seu ombro macio, a primeira prova do relatório de atividades da urbanforestclubofnewhaven.org. Descoberta, ela apoia suas costas nuas no incômodo lençol amassado, e veste a cueca dele (o que confirma que ele dormira nu). As lembranças dos acontecimentos quentes da noite passada o atrapalham e ele tenta ler o que ela lê séria, esgueirando os olhos por trás de sua cabeça. Ela se achega pressionando a nuca em direção à sua axila, e professa:- Da forma como são feitas, nas cidades do mundo, as podas de árvores só favorecem as companhias de energia e as empresas de coleta de lixo….Ele beija seu ombro direito nu. Ela não se vira e quase sorri.- Julie, as Florestas Urbanas são uma realidade em 2008. Precisamos tomar cuidado para não deixar tudo tão regulado assim…. Sua voz sai no meio de uma espreguiçada. Ele gostaria de poder dormir mais um pouco…- Esta gente escreve estes relatórios, faz leis, eventos e talvez fosse melhor não interferir tanto…- Sei, sei …e deixar as empresas fazerem o que lhes der na cabeça…-ela sussurra- e a propósito, esta gente sou eu…- Eu sei, eu sei…Só não gosto que tentem me mobilizar pela regulação ou pela culpa .O cheiro dela, o mesmo e persistente cheiro da noite, o ataca. É um anti- perfume que acaba com os outros odores e faz que ele alongue involuntariamente seu abraço. Por um instante ele perde o rumo, mas ela o afasta e ele retoma a consciência:- Vou sair para a academia com você… me dá uma carona no cano da bicicleta? Acha que consegue ir ao jantar hoje? – Julie pergunta.- Será? Cano de bicicleta é perigoso…Jantar? Depende de como o dia desenrola… ou enrola…é possível que eu tenha que ir a Washington. Já vestido ele se vê montado em sua bicicleta, distraído do seu momento presente, absorvido pelos tempos anacrônicos das mensagens de seu celular. As ruas estão vazias em New Haven. Será que o feriado letivo começou? Ele pensa. Deve ser a garoa…Seu telefone vibra no bolso esquerdo do paletó justo. Uma betoneira que despejará concreto fresco numa construção vizinha o ultrapassa. Um Corolla 1992 segue colado na betoneira, desnecessariamente.Uma criança caminha sozinha na margem oposta, o cheiro de Julie- o anti- perfume- volta, está próximo e o atrapalha. Algum advogado júnior liga de novo fazendo seu telefone vibrar. Julie está próxima do seu corpo e sente também o telefone vibrar. Ele pensa em parar para atender o telefone. Se parar, será para dizer que está a caminho de sua mesa onde poderá acessar os documentos que talvez ajudassem neste imbróglio regulatório. 6,7,8 o telefone não para de vibrar.12 parou.O telefone vibra de novo, e ele, automaticamente, busca o telefone no bolso interno de seu paletó. Seu braço esbarra em Julie que reclama.- Cuidado!O contato com o telefone o faz lembrar que talvez não fosse uma boa ideia atender , mas é tarde demais. O celular já está em sua mão e ele resolve, (como os holandeses – ele pensa) segurar o guidão umedecido por aquela garoa que cai e molha o chão escorregadio com apenas uma mão, pedalar e olhar a tela ao mesmo tempo para ver se é mesmo um dos advogados juniores que o chama tão insistentemente.O guidão da bicicleta responde de forma inesperada ao movimento de seu pescoço e uma pedra, solta, de repente está no caminho da roda dianteira desgovernando-a levemente. Eric Morin só percebe a pedra quando seu corpo que vinha a 20 km/h, é arremessado rumo ao infinito. Eric Morin rola violentamente até que, bate repentinamente num poste de semáforo.Quando seu corpo para , inerte, inconsciente, o Eric Morin que existira até ali, já não existe mais. Um outro Eric o substituirá.E Julie, Julie nunca mais existirá.É exatamente isto que você está pensando: esta não é uma estória sobre Julie. Esta é uma estória sobre Theresa Adams. Para saber a estória de Theresa, só lendo o livro, mesmo…