LIVRO O Garoto da Esteira ao Lado: (conto) (Confissões de uma Paulistana Livro 1) PDF Carolina Beatriz

Eu não sei quem foi que deu permissão para o cupido me acertar assim, mas ô deuszinho assanhado! Me pergunto como é que o garoto escolhe suas vítimas — se segue um padrão, se se enamora de um tipo ou dois pelo dia, se se diverte e acerta opostos ou se, pura e simplesmente, sai acertando flechas para todo e qualquer lado, animadíssimo!, enquanto pensa “é hoje que eu ferro com a vida de um!”É, então. Eu sou crente dessa última corrente. Sério. Juro que imagino um garoto espoleta — a própria cara da bolacha Trakinas — se contorcendo nele mesmo e de tanto rir ao perceber as idiotices pensadas-impensadas que fizera. Também imagino pessoas o olhando e, ao invés de se espantarem com o fato da criatura ter virado uma bolinha risonha em pleno ar, dizerem “mas que fofinho!”, enquanto outras, muito menos sortudas, revidam em coro: “é porque não foi com você!”.É, pois é. Não foi com você, nem com você e muito menos com você aí. Talvez tenha sido com você — é, você, que está lá —, mas só talvez. Foi comigo e só comigo. A droga daquela flecha torta e com pontinha de coração foi ímpar e me acertou sem pedido ou aviso, sem vítima parceira. Eu não sei quem foi que deu permissão para o Cupido me acertar assim, mas quando eu colocar minhas mãozinhas nele…! Ah, ele que me aguarde! Vai ser um “deustrocídio” e quero ver qual outro semelhante seu vai ter a coragem de descer aqui para vir brigar comigo! Ô, se quero!